Opinião A Vingança das Vagas de José Teles Lacerda


TítuloA Vingança das Vagas
Autor: José Teles Lacerda
Editora: Esfera do Caos
Ano de Edição: 2012
Nº de Páginas: 384
ISBN: 978-89-680-072-7
Mais informações: http://www.esferadocaos.pt/pt/catalogo_detalhe_esfera_contemp175.htmlA

Opinião:
Vingança das Vagas é um livro que tem tudo: tem romance, tem aventura, tem fantasia, tem drama. Mas o que de facto fortalece este livro são as suas personagens, pessoas comuns, capazes do melhor e do pior. E o ponto assente que, em momentos difíceis, o pior do ser humano pode vir ao de cima.
Construído por várias linhas narrativas, que se unem e desaparecem conforme o texto avança. As histórias que um avô conta ao neto, que são a melhor forma que encontra de demonstrar o seu amor e de transmitir valores.

Sinopse:
No longínquo ano de 1506, trinta e sete colonos moribundos foram forçados à desesperada tentativa de povoar uma ilha amaldiçoada.
Dizia-se, nessa época, que naquele gigantesco amontoado de ravinas negras vogava a voz do Diabo. Quinhentos anos passados, não existem documentos que descrevam o sinistro martírio coletivo, na tentativa de povoamento dessa ilha maldita. Aliás, em nenhuma biblioteca do mundo se descobriu uma única página contendo alusões ao sucedido. Em suma, ninguém conhece a verdadeira localização da maligna massa insular, para sempre perdida no meio do oceano.
Durante os serões, o avô Vicente alerta Bernardino Gávea para os perigos inerentes à convivência com a violência das vagas. O menino, porém, não se amedronta. Pode ser a mais miserável das crianças, mas, por viver num casebre encavalitado nas dunas, considera-se o legítimo dono de toda a praia. Fascinado pelas narrativas náuticas, que o septuagenário lhe transmite, sonha ser um intrépido conquistador dos mares — há de conseguir, afinal, reencontrar a ilha que o medo humano apagou dos mapas.
Todos estamos sujeitos às ingratas investidas do imprevisto. No mar ou em terra, a palavra vaga pode unir-se a outras, numa sanguinária cumplicidade catastrófica, que culminará com a materialização dos nossos piores pesadelos.
Surgirão então vagas de desgraça, vagas de infortúnio, vagas de desespero e desilusão.
Nas páginas deste livro poderemos esbarrar com os sonhos de uma criança miserável e viver as preocupações do seu decrépito avô. Mas também teremos notícias de um assustador mundo paralelo. Vindos de ilhas distantes, esvoaçam os gritos dos colonos condenados, ressoam os cânticos melancólicos de musas moribundas, ouvem-se fraudulentas vozes fantasmagóricas. E sobre as ondas do mar existem suspeitas de poder eclodir, a qualquer momento, uma nefasta ofensiva de ninfas.

Sobre o autor:
José Teles Lacerda. Nascido em Évora, em 1970, considera-se uma humilde alma alentejana. A posse de íntimos indícios de uma pacífica índole vegetal permite-lhe digerir desilusões e ruminar remorsos, num esforço quase clorofilino que culmina no fabrico inesperado de aglomerados de frases. Pela frequência desta conduta, tornou-se numa espécie de escriba secreto, clandestino, compulsivo. Assim, vive viciado na desorientada navegação por efémeros mares imaginários. Considera que a génese de um livro é uma feliz forma de exorcizar a maldita tendência para andar, constantemente, “com a cabeça nas nuvens”. Acima de tudo, entende o mundo das palavras como um refúgio obrigatório, sempre que cogita sobre o bizarro absurdo da existência. A Vingança das Vagas é o seu romance de estreia.

Opinião "Mal Nascer" de Carlos Campaniço


Título: Mal Nascer
Autor: Carlos Campaniço
Editora: Casa das Letras
Ano de Edição: 2014
Nº de Páginas:192
ISBN: 9789724622330
Mais informações:

Opinião:
Mal Nascer é daqueles livros que devoramos, mas não queremos que termine, de tal modo o enredo nos envolve, e a poesia da linguagem do autor nos sabe a música. O ponto forte da obra é centrar-se em personagens comuns, que interagem numa sociedade quase feudal. Apesar de estar situada antes da guerra civil, esta mesma história podia ter sido noutra altura, por inalterável que a sociedade no Alentejo ficou quase até 1974. É daquelas histórias que, infelizmente, nos soam a tão reais, por histórias já ouvidas a nosso familiares e amigos de mais idade. As personagens estão muito bem construídas, com um leque incrível de personagens femininas, que interagem entre elas, com laços de amizade a que obrigam a sobrevivência num mundo hostil e confrontações originadas pelas diferenças sociais e pela ambição.
As minhas partes favoritas foram as analepses em que conhecemos a história da personagem principal enquanto criança. Enquanto adulto tornou-se inseguro e incapaz de fazer valer a sua vontade em muitas das situações, apesar da sua atitude irrepreensível como médico. Talvez por isso, enquanto caminhava para o final, perdi um pouco o interesse na sua vida pessoal. O seu fácil encanto por mulheres que não deixa a sua paixão final ter destaque. Senti falta que alguém o tivesse reconhecido e ter sido isso que o colocasse em perigo, mais tensão no reencontro com aquele que teve origem na sua infelicidade infantil, perigo que tivesse vindo do exterior, por alguém ter descoberto o seu esconderijo.

Sinopse:
Mais informações:Santiago Barcelos - nascido Bento - regressa como médico à vila que deixou ainda menino. Não vem, porém, ao aconchego dos velhos rostos conhecidos. Na verdade, foge dos miguelistas que o perseguiam em Lisboa, escapa-se à teimosia da mulher do padrinho que o queria como amante e conta vingar-se de Albano Chagas, o homem que lhe arruinou a infância tomando-o como cúmplice na morte do seu primogénito. Os planos acabam, contudo, por gorar-se quando se apercebe de que não há vivalma que o reconheça e de que toda a vila subitamente o venera e se quer chegada ao seu convívio. Até a mulher de Albano Chagas acaba por pôr uma afilhada a ajudá-lo no consultório e a mão da própria filha à disposição.
Decidindo então adiar a revelação da sua identidade, o jovem médico terá mais tempo para chorar os seus mortos, tratar dos doentes e ajustar contas com os vivos; mas nem por isso cessará de se enredar em complicadas teias, não escapando a uma paixão proibida e avassaladora.
Alternando as memórias da infância com o presente agitado do protagonista, Mal Nascer é um romance magistral que combina uma história aliciante com um esmero de linguagem invulgar. Guardando surpresas até à última linha, a obra foi finalista do Prémio LeYa em 2013.

Sobre o autor:
Carlos Campaniço nasceu em Safara, no concelho de Moura, em Setembro de 1973.
É licenciado em Línguas e Literaturas Modernas, variante de Estudos Portugueses, pela Universidade do Algarve, onde adquiriu também o grau de Mestre em Culturas Árabe e Islâmica e o Mediterrâneo. Vive há dezassete anos em Faro e é Director de Programação do Auditório Municipal de Olhão, o mais recente teatro do Algarve.
É autor dos livros: Molinos, Da Serra de Tavira ao Rif Marroquino. Analogias e Mitos e ainda A Ilha das Duas Primaveras.



Opinião "ficou tanto por dizer" de Fernando Guerreiro


Este livro foi adquirido pela autora deste blog.

Título: ficou tanto por dizer
Autor: Fernando Guerreiro
Edição de autor
Ano de edição: 2015
Nº de páginas: 133
ISBN: 978-989-20-5479-7
Depósito Legal:  390964/15
Mais informação: http://www.microcontos.pt/

Opinião:
"ficou tanto por dizer"é um livro pequenino, de bolsinho, podemos assim dizer, um formato ideal para a reunião de micro contos que Fernando Guerreiro. há já algum tempo, tem vindo a publicar nas redes sociais (facebook instagram).
Apesar dos pequenos contos abordarem temas muito diversos, consegue-se descobrir entre eles fios condutores: a linguagem poética (e muito cuidada para a qual vão as minhas alvíssaras), o insólito (um habitué deste género literário), os jogos de palavras, os duplos sentidos, as coincidências.
E, mesmo com um livro pequeno, consegue-se ver a evolução do autor, dos seus primeiros textos mais experimentais aos últimos, com um nítido domínio da palavra.

Sinopse:
Após 5 anos de publicações numa página Facebook (www.facebook.com/microcontos), chegou a altura de fazer uma selecção de pequenas histórias e publicá-las livro.
São pequenas histórias em que sempre fica algo por dizer e onde há espaço para cada um acrescentar algo de seu.
Esta edição foi feita com o apoio da comunidade de seguidores da página Facebook e amigos do autor.
O livro é acompanhado por ilustrações de Pilar Puyana.

Sobre o autor:
Fernando Guerreiro tem as suas raízes em Portas do Transval, a 3 quilómetros de Odemira. Atualmente reside no Algarve e trabalha em marketing digital.
Fez teatro, o que considera ter sido o caminho que o levou à escrita. É contador de histórias.

Opinião: Vataça, a favorita de D. Dinis de Francisco do Ó Pacheco


Uma obra que recupera a memória da princesa bizantina que foi benemérita no sul do nosso país. A obra procura o equilíbrio entre o rigor histórico e a narrativa ficcionada, fazendo jus à figura de Vataça Lascaris.
O livro trás-nos, sem dúvida, conhecimento por uma personalidade ímpar. Uma mulher que, em época em que as mulheres eram remetidas para segundo plano, se conseguiu destacar. Foi sobretudo a escolha da personalidade o que mais me fascinou neste livro.